terça-feira, 21 de dezembro de 2021

amahrte

Eu escrevo porque preciso e é importante. Escrevo porque você está muito presente, mesmo estando distante. Escrevo porque o que faz sentir, faz sentido. Mesmo que eu não entenda o porquê, a razão e o motivo. Escrevo porque não posso falar. Escrevo aquilo que você não quer escutar, mas que aqui não se pode calar. E porque o seu silêncio não para de gritar. Palavras podem ser inúteis, se eu não souber verbalizar. Pois há palavra que desagrada, agride, mas há palavra que às vezes pode curar. É como um jogo de paciência onde eu não consigo ganhar. Eu perco pra você, por não ter sapiência e por não saber jogar. Você é água turva, não me deixa enxergar. Quanto mais eu abro os olhos, mais difícil mergulhar. É como um emaranhado, impossível de desenrolar. Seus olhos marejados são ponto final, onde eu queria descansar e nesse cais, você é o caos que eu posso pacificar. Foge de dicionários e de diálogos vários, foge de todo e qualquer clichê o que eu sinto por você: eu te amo, sem você merecer. Mas isso não é importante, porque o meu sentimento por si só já é o bastante. Eu te quero, mas não preciso de você. São muitos deslizes, falhas e desencontros, mas depois de tudo isso e depois de tudo aquilo eu ainda sigo querendo que você fale comigo. É uma conta que não quer bater, não quer fechar. Parece injusto, porque dessa conta, eu deveria te dar o troco, mas decidi não revidar. Eu sigo procurando respostas que me possam esclarecer, mas quanto mais eu penso, mais eu sinto que é esse o motivo, pra isso tudo, de fato, verdadeiro ser.

camilla caju