sábado, 25 de julho de 2020


Pior do que uma discussão insistente é um silêncio que fala. Simples, rápido, forte.
Hoje me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis. O silêncio não é dado a amenidades. Ele grita através de um telefone mudo, uma mensagem lida e não respondida, uma conversa quase monossilábica.  São momentos silenciosos que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas, apatia, desespero.

Muitas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem em um beijo, mas sim depois de longos momentos de reflexão. Introspecção cura, mas também pode ser a ante-sala do fim. Palavras articulam argumentos, expõem queixas, tentam ser explícitas, mas nem sempre são justas ou compreendidas. Nessas horas o silêncio pondera, isola, intimida. O silêncio perturba porque às vezes ele fala. E fala alto. Porque é quando não há nem mais palavras que você entende a solidão que ele traz.

(Via Marcia Oura)