quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Non ducor duco




Sempre viajo para São Paulo. Tenho muitos parentes paulistanos e também tive a experiência de morar lá durante alguns meses. De todas as paisagens e informações visuais que a cidade me oferecia, uma delas sempre me chamou a atenção: Non ducor duco, do latim, significa "não sou conduzido, conduzo." Essa expressão presente nos ônibus, junto ao brasão da bandeira da cidade, traduz muito bem a vida paulistana, sempre em constante movimento, evolução, seu espírito de liderança, sua correria, entre outras coisas. 

Então, a partir dessa simbologia paulistana, comecei a pensar sobre conduzir ou ser conduzido. Me questionei se eu estava conduzindo, guiando a minha própria história ou sendo conduzida. Passei a me perguntar se eu estava sendo protagonista ou coadjuvante da minha vida e dos meus sonhos.

Nós aprendemos observando exemplos, seguimos protocolos, obedecemos regras, nos vestimos conforme as tendências, consumimos coisas parecidas e por fim, reproduzimos o mesmo. Afinal, é muito mais fácil seguir hábitos e ações preestabelecidas.

Como já dizia Zeca Pagodinho: "E deixa a vida me levar (vida leva eu!)" Sabe quando você vai levando as coisas, simplesmente? Só assinando embaixo e aceitando tudo que lhe aparece sem questionar? Isso acontece porque muitas vezes nós ligamos o modo automático da vida e vamos apenas executando as coisas, sem escolher ou reclamar, às vezes por costume, muitas vezes por pura preguiça mesmo. 

Mas você já olhou para dentro de si e examinou cada questão, cada característica peculiar que você tem? Você já se questionou se suas escolhas são baseadas no indivíduo que você é ou no coletivo? Existe algo que você gostaria de fazer ou usar que você acaba deixando de lado por pensar num consenso, numa opinião coletiva?

Eu penso que se não tomarmos os "lemes" de nossas vidas, podemos ser levados para várias direções ou para direção nenhuma. Se não tomarmos iniciativas para conduzirmos nossos sonhos e objetivos, vamos viver um roteiro escrito previamente, vamos levando as coisas de qualquer jeito, sem um propósito.

É fácil? Nãããão! É extremamente difícil, mas vale a pena. Sermos protagonistas de nossas vidas requer muito empenho, pois é um penoso trabalho e algumas pessoas simplesmente não conseguem. Talvez nesse processo você tenha que nadar contra a maré, contrariar expectativas,  desagradar pessoas, driblar protocolos e/ou desprezar regras. E isso tudo é muito difícil, exige coragem, certeza, opinião, personalidade e irreverência. 

Alguns anos atrás, pensando nisso tudo, eu percebi que estava sendo apenas coadjuvante da minha história e que eu tinha que tomar o leme da minha vida. Refleti muito, tomei decisões, e entao o universo conspirou ao meu favor e tudo foi se encaminhando, todas as coisas foram cooperando para que eu conseguisse encontrar o meu eixo e viver a vida que eu sonhava.
Nesse ano de 2020 eu precisei retomar esse exercício mental e tomar decisões e atitudes que se desdobrariam em mudanças e novidades. Mais uma vez um processo longo e doloroso, mas que valeu muito a pena!

Sendo assim, não posso e nem devo julgar, mas trago à tona essa questão para vocês a fim de propor reflexões. 

Se você vive dessa forma, tudo bem. Digamos que viver assim não é errado, e pode funcionar para muitas pessoas, mas te garanto que é muito melhor direcionar sua vida para o que lhe agrada mais, protagonizar seu caminho e suas escolhas a fim de alcançar suas metas, sonhos etc. É hora de ser quem você sempre sonhou. Abrir novas trilhas, novos caminhos, ao invés de apenas seguir os trilhos. Até porque quem anda nos trilhos é trem.