domingo, 28 de fevereiro de 2016

Solidão e solitude



"Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós. A solitude é nossa verdadeira natureza, mas não estamos cientes dela. Por não estarmos cientes, permanecemos estranhos a nós mesmos e, em vez de vermos nossa solitude como uma imensa beleza e bem-aventurança, silêncio e paz, um estar à vontade com a existência, a interpretamos erroneamente como solidão.
A solidão é uma solitude mal interpretada. E uma vez interpretando mal sua solitude como solidão, todo o contexto muda. A solitude tem uma beleza e uma imponência, uma positividade; a solidão é pobre, negativa, escura, melancólica.
A solidão é uma lacuna. Algo está faltando, algo é necessário para preenchê-la e nada jamais pode preenchê-la, porque, em primeiro lugar, ela é um mal entendido. À medida que você envelhece, a lacuna também fica maior. As pessoas têm tanto medo de ficarem consigo mesmas que fazem qualquer tipo de estupidez.
Aqueles que conheceram a solitude dizem algo completamente diferente. Eles dizem que não existe nada mais belo, mais sereno, mais agradável do que estar só.
A pessoa comum insiste em tentar se esquecer de sua solidão, e o meditador começa a ficar mais e mais familiarizado com sua solitude. Ele deixou o mundo, foi para as cavernas, para as montanhas, para a floresta, apenas para ficar só. Ele deseja saber quem ele é. Na multidão é difícil; existem tantas perturbações... E aqueles que conheceram suas solitudes conheceram a maior das bem-aventuranças possíveis aos seres humanos, porque seu verdadeiro ser é bem-aventurado.
Após entrar em sintonia com sua solitude, você pode se relacionar. Então, seu relacionamento trará grandes alegrias a você, porque ele não acontecerá a partir do medo. Ao encontrar sua solitude, você pode criar, pode se envolver em tantas coisas quanto quiser, porque esse envolvimento não será mais fugir de si mesmo. Agora, ele será a sua expressão, será a manifestação de tudo o que é seu potencial.
Porém, o básico é conhecer inteiramente sua solitude.
Assim, lembro a você, não confunda solitude com solidão. A solidão certamente é doentia; a solitude é perfeita saúde. Seu primeiro e mais fundamental passo em direção a encontrar o significado e o sentido da vida é entrar em sua solitude. Ela é seu templo, é onde vive seu Deus, e você não pode encontrar esse templo em nenhum outro lugar."
OSHO

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

"Meus sentimentos são poesias que escorrem às vezes tristes
pelos botecos e bares que a vida me cerca
não sei nada sobre o amanhã e sobre datas comemorativas
meu tempo é sempre de partida
sempre entrecortando laços e olhares
no fim do dia
o que me resta
é uma saudade sem fim
que eu nem sei do que sinto
ou de quem sinto
vai ver
sinto falta de mim."
(Renato Silva)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Então que venha, mas não venha com um pé atras, cheia de si, suas qualidades eu já conheço eu to buscando é o teu avesso, sugar o teu extremo, dissecar o teu desejo até que se esculpa em nós novos limites. Me acostumar com seus defeitos ao ponto de admira-los, entende? Sem promessas, sem rótulos, sem moral. Sem essa de paixão romântica, poderia muito bem te encher de frases feitas do tipo "não vivo sem você", "você para mim é tudo", mas não é verdade eu vivo e talvez até muito bem, mas eu quero estar com você, simples assim, é tão mais agradável que este viver bem não me atrai nem um pouco, quero o seu caos. Só que esse seu-meu-nosso medo de que não aconteça exatamente nada ou de que aconteça um nada tudo rápido demais ou de que isso tudo seja um algo rápido demais muito próximo daquilo que já rolou antes e veio com um sofrimento não tão rápido porém muito intenso cunhasse de verbo pronominal dando origem ao atual medo, e deixar que este medo venha atrapalhar aquilo que ainda não rolou e a possibilidade de que nem role por medo, tem me deixado meio assim sabe? Confuso e com medo.

(Fabiano Santos)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

É por todas as cartas de amor que hoje mofam no fundo de alguma caixa velha e por aquelas que, talvez, pelo medo da resposta nunca foram de fato escritas. 
Pelas cartas manchadas de lagrimas, as queimadas, destruídas e aquelas que até hoje, em vão, eu aguardo uma resposta. 
É pela montanha de breguice que carrego, pelo mar de vergonha daquilo que senti, é pela paúra de sentimentos passados que hoje me parecem tão ridículos, mas deixaram suas seqüelas, e que só se tornaram ridículos, pela força e tamanho da verdade que carregaram. 
É pelas noites reviradas na cama, ouvindo, incessantemente, aquele disco que até hoje me faz chorar, pelos dias estéreis, pelos porres em vão, pelas tardes vazias e manhãs de ressacas mau resolvidas. 
É por toda esta alegria efêmera, é por este riso forçado, é por este texto sem nexo, por esta vida vazia que gera um vazio ainda maior, pelos fins de semana que doem a semana toda, é por esta dança sem rumo e sem sentido que aprendemos a dançar; e dançamos! 
É pela palavra certa dita para pessoa errada, pela palavra errada que ouvi da boca da pessoa que um dia julguei certa, é pelo desnecessário, é por aquilo que éramos, é pelo nada que existe e que facilmente seria preenchido de romance e música, mas erramos. 
É por acreditar no novo, é por esperar o diferente no porvir, é pelo sorriso sincero que o seu sorriso me causa e é por esta pessoa viva que me torno ao seu lado. 
É por tudo que eu aprendi, é por não te cobrar nada, é pela certeza de que meu respeito e cumplicidade você terá, pois são as únicas coisas que tenho para te oferecer, são as únicas coisas que posso garantir com a mais absoluta certeza que nunca lhe faltará. 
É por tudo isso que acredito que se juntarmos caco por caco que foram se espalhando na história de cada um de nós, migalha por migalha que sobraram da gente, formaríamos um algo bem interessante, talvez um algo novo, ou não. 
Mas olha, só saberemos mesmo se tentarmos; então faz assim ó: segura forte na minha mão e vamos descobrindo no caminho. 
Corremos o risco de virar mais uma carta velha ou de ganhar um mundo novo. Topa?
(Fabiano Santos)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata pelo coração. A gente vai deixando de se importar, de querer bem… E um dia a pessoa morreu."

- Meu pé de laranja lima

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Como se morre de velhice

Como se morre de velhice 
ou de acidente ou de doença, 
morro, Senhor, de indiferença. 

Da indiferença deste mundo 
onde o que se sente e se pensa 
não tem eco, na ausência imensa. 

Na ausência, areia movediça 
onde se escreve igual sentença 
para o que é vencido e o que vença. 

Salva-me, Senhor, do horizonte 
sem estímulo ou recompensa 
onde o amor equivale à ofensa. 

De boca amarga e de alma triste 
sinto a minha própria presença 
num céu de loucura suspensa. 

(Já não se morre de velhice 
nem de acidente nem de doença, 
mas, Senhor, só de indiferença.) 

Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)' 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016